quinta-feira, 24 de maio de 2012

As Histórias dentro do Teatro


Um destes dias fomos ao Teatro Maria Matos e à entrada a Inês, a inventora do espectáculo " A Verdadeira História do Teatro " perguntou às pessoas que lá estavam para assistir, quem teria família ligada ao teatro; disse que um investigador checo chamado Kijnic nascido em Praga, em 1895, depois de muito estudar, concluíra que 1 em cada 6 pessoas tinha família ligada ao teatro. O desafio era  pois o de abrir uma porta e entrarmos na sala de espectáculos, subirmos ao palco e fazermos uma visita nunca antes feita ao mundo do teatro; descobriríamos  sermos da família  de alguém que lá morou, trabalhou ou passou? 
Percorrido o chão especial onde se fazem o espectáculos, fomos parar a uma pequena sala com espelhos e cremes para maquilhar , onde os actores e as actrizes se transformam nos personagens das histórias . Em seguida descemos à carpintaria onde se constroem os cenários e se preparam as luzes e tudo o mais o que ajuda a fazer o teatro; um mundo de luzes e sombras onde somos obrigados a enfrentar tudo aquilo que nos mete medo e a usar da coragem para não nos deixarmos ficar brancos como a cal e sem pinga de sangue.
Ao subir uma escada, encontrámos um escritor muito estudioso de livros sobre teatro, que passava a vida a escrever as suas opiniões sobre as peças a que assistia, e  tinha a mania um pouco estranha de guardar no bolso de dentro do seu casaco pequenos objectos dos seus actores preferidos;  penas da " ècharpe " da  "Grande actriz Sara Bernardes", de quem era um admirador apaixonado,  migalhas de um pãozinho com manteiga comido pelo actor Vasco Santana e esquecidas  em cima da mesa...
 E foi aí que me lembrei de ter em minha casa, na caixa das fotografias antigas um retrato do meu avô Luiz, ao lado de Vasco Santana, Mirita Casimiro e Domingos Marques  no Campo Grande, depois de uma almoçarada no "Quebra Bilhas "; os dois primeiros actores de tantas histórias com palavras de nos fazer rir e o terceiro actor-tenor.Até percebo melhor agora as coisas cómicas que o meu avô fazia; parece que o estou a ver à mesa com o seu guardanapo de pano aberto sobre o peito para não sujar a camisa ou o casaco de pijama, como fazia habitualmente às refeições, mas com dois palitos a sairem-lhe das narinas
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  A partir do programa   A Verdadeira História do Teatro-pequena colecção de espectáculos camuflados,  de Inês Barahona realizado no Teatro Maria Matos de 16 a 22 de Abril de 2012


Este texto - "post" é para a minha filha Madalena, no dia em que faz dez anos